No balancê, balancê, quero dançar com você... trem bom é coisa boa e nada mais gostoso que uma festa junina, né meu povo? No nosso imaginário, a festa junina está vinculada à vida simples do interior, mas sabia que a festa junina é de origem francesa (très chique ui ui ui).
Você deve estar pensando “dá onde que uma festa de matuto pode ter saído da França? ”. Já vou dar um jeito disso fazer sentido, vamos lá. Entra na máquina do tempo comigo, vamos lá para o século XVIII (isso, o período que as mulheres usavam vestidos de saia balão).
Mas primeiro vamos dar um pulinho na Inglaterra, nesse período os ingleses em seus bailes criaram um tipo de dança chamada “contradanse”. No período da guerra de cem anos entre Inglaterra e França, os franceses acabaram incorporando esta dança aos seus costumes, com um novo nome “quadrille”.
O nome “quadrille” estava relacionado ao tipo de formação usada na dança, uma composição feita de quatro duplas. Se quiser ter uma noção de como era a dança original? Veja, aqui, uma reconstituição da dança. (Fãs de Jane Austen vão curtir essa curiosidade).
Tá, mas cadê o Brasil nessa história? Calma, já vamos chegar lá. Na época da colonização do Brasil, a corte portuguesa importou a dança para as terras brasileiras. Naquele período, a França era uma referência de modismos e tendências, o que incluíam os costumes de festividades e danças.
E o que era um costume dos grandes salões palacianos da aristocracia, caiu nas graças do gosto popular.
Quadrille à la Brasil
Depois de cair no gosto popular, como boa tradição brasileira a gente deu nossos toques pessoais a este evento, até que ele tomasse o formato que conhecemos hoje.
Um dos aspectos que é ideia nossa é a encenação do casamento cômico, satirizando os casamentos forçados que eram comuns no passado quando a noiva ficava grávida antes das núpcias.
Quadrilhês
Apesar de cada região do país ter feito suas adições e adaptações particulares à festividade, ainda foi mantido os comandos passados aos dançarinos pelo marcador da quadrilha que são de origem francesa.
O marcador anuncia quais são os próximos passos da coreografia, é aqui que percebemos que a Festa Junina é de origem francesa, a questão é que os termos passaram por um abrasileiramento, veja:
• Alavantú - En avant tous: este comando sinaliza que os pares devem seguir em frente, geralmente é um dos primeiros comandos do mestre de cerimônia costuma ser esse;
• Anarriê - En arrière: também conhecido como “meia-volta”, este comando sinaliza que os pares devem voltar para trás, voltando de onde vieram;
• Balancê - Balancer: este sinal é dado sempre que os pares terminam um novo comando ou passo da coreografia, ajudando os casais a se alinharem;
• Changê - Changer/Changez: não são todas as festas que costumam usar este comando, ele serve para sinalizar que os pares devem trocar entre si, de forma aleatória mesmo;
• Vis-à-vis: este sinal é para que os casais cumprimentem seus pares, um gesto de elegância que remete à cortesia da original contradance inglesa;
• Otrefoá - Autre fois: as vezes este comando é passando a fim de marcar a coreografia que está adiantada, fazendo com que os dançarinos repitam o passo anterior; e
• Tur - Tour: este comando sinaliza o comando para que os casais deem um abraço, com as mãos no ombro e cintura, e completem com uma volta completa, girando para o lado.
Bem, é isso, a gente se esqueceu de algum termo? Mencione aí nos comentários.
Muito bom artigo. Merci beaucoup pour ce documentaire!